Afinal, o que é saúde mental?

Por Naamã Rubet

Imagem Unsplash

O mês atual foi escolhido por um grupo de psicólogos de Minas Gerais para abordar a questão da Saúde Mental no Brasil, e a campanha recebeu o nome de Janeiro Branco. Desde o começo da pandemia houve uma preocupação com a Saúde Mental, pois a incerteza, a privação, o isolamento social e o grande número de mortes nos afetam diretamente.

O que muita das vezes era entendido como “frescura”, passou a ser olhado com atenção e receber cuidado. Minha agenda dobrou nesse período. Pesquisas mostram um aumento exponencial na procura de psicoterapia/análise online durante o isolamento, além de yoga, meditação, atividade física e tantas outras tentativas de amenizar o que pareceu ser uma angústia coletiva nos últimos meses, com exceção dos negacionistas.

Mas afinal, o que é saúde mental? Muitas das vezes ela é entendida de maneira equivocada. Esse termo pode nos remeter a uma lógica biomédica obsoleta de compreensão de saúde como ausência de doença, ou um estado de completude. Nessa lógica, do ponto de vista psíquico, estar saudável seria um estado de ausência de angústia. Como se isso fosse possível.

Saúde Mental não é uma condição plena de felicidade, ânimo e satifação com a vida. Ao contrário, é a possibilidade de não adoecer, no sentido de fazer sintomas graves e perecer diante da angústia. É poder enfrentar os desafios e o sofrimento sem adoecimento. O que está em jogo é pensarmos os mecanismos de luto, os tratamentos possíveis e os hábitos que podem nos ajudar a passar por momentos difíceis. Somos seres sociais. Sofremos no laço social e nos curamos no laço social. Precisamos uns dos outros para superar grandes desafios. Mas palavras de Clarice Lispector, “ a vida é um soco no estômago”. A vida não é fácil.

Nunca teremos um platô de felicidade, porém podemos nos cercar de cuidados e pessoas e, a partir daí, enfrentar de uma forma melhor as dificuldades. Se é fato que todo ônus tem um bônus, apostamos que apesar das imensuráveis perdas do período pandêmico, esse momento seja um marco na transformação cultural da nossa relação com o sofrimento psíquico.

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